Faz hoje 70 anos que se comemorou pela primeira vez o Dia Mundial da Criança. Sabias? Tem já longas barbas esta festa que começou em 1950 por iniciativa da Federação Democrática Internacional de Mulheres. Foi este o grupo de mamãs de diferentes países e com várias profissões a propor às Nações Unidas que reservasse uma data especial para lembrar (e respeitar!) os direitos da população infantil.
Logo nesse ano, assinalou-se o primeiro Dia Mundial da Criança, no dia 1 de Junho. Não foi propriamente uma festa, porque os tempos não estavam para brincadeiras. O mundo acabara de sair da Segunda Guerra Mundial. Da Europa ao Médio Oriente até à China havia uma crise a arrastar muitos milhões para a pobreza.
A maioria das crianças nem sequer frequentava a escola. Elas estavam sobretudo a trabalhar nas fábricas ou nos campos sob duras condições. Na Europa, por exemplo, metade da população infantil não sabia ler ou escrever e nem sequer conseguia ir ao hospital se adoecesse.
Ao criar o Dia Mundial da Criança, as Nações Unidas reconheceram os direitos delas, independente da raça, género, religião ou origem social e estabeleceram seis pilares que os países deveriam respeitar:
afeto, amor e compreensão;
alimentação adequada;
cuidados médicos;
educação gratuita;
proteção contra todas as formas de exploração;
crescer em clima de Paz e Fraternidade universais.
Palavras bonitas, verdade? Mas só para passar esta meia dúzia de tópicos para o papel demorou nove anos.
A 20 de novembro de 1959, algumas dezenas de países que fazem parte das Nações Unidas aprovaram finalmente a Declaração dos Direitos da Criança. Trata-se de uma lista com 10 princípios que, embora sejam superimportantes, nem sempre foram cumpridos.
Ao se dar conta da pouca eficácia do Dia Mundial da Criança e das suas recomendações, a ONU aprovou, então, em 1989 a Convenção dos Direitos da Criança, um documento longo e muito mais completo (com 54 artigos) que, no ano seguinte viria a tornar-se em lei internacional.
O triste desta história é que ainda hoje estão por cumprir muitos dos princípios da Declaração Universal dos Direitos da Criança. Segundo a ONU, a vida da população infantil nos países pobres pouco ou nada mudou nos últimos 30 anos. E, nos mais desenvolvidos, a situação também não é recomendável. Em nenhum lugar do mundo, aliás, os estados protegem adequadamente a saúde das crianças nem tão-pouco asseguram o futuro delas.
A grande ameaça são as alterações climáticas que comprometem a qualidade de vida das gerações seguintes.
Mas, o fast-food, os refrigerantes, as gorduras e o açúcar que a indústria alimentar promove a torto e a direito também são razões para as Nações Unidas concluírem que ainda há muito para fazer neste capítulo.
O Dia Mundial da Criança pode até ser um bom pretexto para festejar. Se há algo que os mais novos ensinaram aos mais velhos é que a felicidade está em coisas simples como chapinhar nas poças, voar nos baloiços do jardim ou adormecer depois de ouvir uma boa história. Mas não fiquemos apenas pelos festejos. A batalha vai continuar. E esta é uma missão para gente de todos os tamanhos.
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