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Poema de Luísa Ducla Soares


TUDO DE PERNAS PARA O AR

Numa noite escura, escura, o sol brilhava no céu. Subi pela rua abaixo, vestido de corpo ao léu. Fui cair dentro de um poço mais alto que a chaminé, vi peixes a beber pão, rãs a comerem café. Construí a minha casa com o telhado no chão e a porta bem no cimo para lá entrar de avião. Na escola daquela terra ensinavam trinta burros. O professor aprendia a dar coices e dar zurros.

Luísa Ducla Soares, In “Poemas da Mentira e da Verdade”

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