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Poesia "Pirilampos" de Henriqueta Lisboa (e curiosidades)

Pirilampos

de Henriqueta Lisboa

—-


Quando a noite

vem baixando,

nas várzeas ao lusco-fusco

e na penumbra das moitas

e na sombra erma dos campos,

piscam piscam pirilampos.






São pirilampos ariscos

que acendem pisca-piscando

as suas verdes lanternas,

ou são claros olhos verdes

de menininhos travessos,

verdes olhos semitontos,

semitontos mas acesos

que estão lutando com o sono?







CURIOSIDADES


O desenvolvimento de um pirilampo é semelhante ao conhecido da borboleta. Na sua fase de larva, acumula reservas energéticas para se desenvolver. Alimenta-se sobretudo de caracóis e lesmas, presas de tamanho bastante superior ao seu, que imobiliza através de um veneno, tal como fazem as aranhas. Esta fase dura cerca de um a três anos, e representa a grande parte da vida do animal. Depois de se libertar do exosqueleto, a carapaça, e fabricar uma maior, a larva transforma-se em pupa e forma asas, o estado final da metamorfose. A luz é emitida nos segmentos finais do abdómen, os mais claros. As fêmeas existem em menor número e são muito raras de encontrar. Diferem dos machos na forma e no facto de não voarem, localizando-se junto ao solo. Toda esta transformação completa-se no início do Verão, entre os meses de Maio e Junho, pelo que só é possível observar estes animais no estado adulto durante esta época, altura em que têm lugar as Noites de estrelas e pirilampos.



“Ver um pirilampo é como encontrar um trevo de quatro folhas!” A exclamação é de uma das participantes e mostra como a observação destes animais se tem tornado cada vez mais rara.

A degradação do seu habitat é o principal factor para o desaparecimento, e este passa pela poluição dos solos com pesticidas, que os impede de se alimentarem, mas também pela poluição luminosa. O excesso de luz artificial vai inibir a produção da luz nestes animais, que é uma forma de comunicarem e se reproduzirem.



A luz emitida pelos pirilampos deve-se a uma reacção química entre o oxigénio e uma molécula chamada luciferina, que oxida na presença da enzima luciferase, produzindo energia luminosa. Um processo idêntico ao que acontece com outros seres vivos bioluminescentes, como certas aranhas, moluscos, cogumelos e uma grande parte de animais marinhos. Nos pirilampos, a emissão de luz tem uma função comunicativa – é muitas vezes usada na defesa contra predadores, mas sobretudo durante o processo de reprodução, no qual também intervêm feromonas, e que se inicia ao anoitecer. Os sinais luminosos podem variar na constância e na cor, consoante a espécie.



Conhecem-se, em todo o mundo, cerca de 2200 espécies de pirilampos. Em Portugal, foram avistadas apenas dez dessas espécies, não havendo um conhecimento exacto da sua distribuição pela falta de estudos, mas sabe-se que têm preferência por zonas húmidas, longe dos pesticidas e da poluição luminosa.


SUGESTÃO de leitura: "Porque Pirilampiscam os pirilampos"




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